Especialista alerta para os riscos da automedicação com vitamina D

 

São Paulo, 26 de junho de 2018.

"Diversos estudos mundiais, divulgados nos últimos anos, pregam que é importante consumir vitamina D para prevenção de doenças cardiovasculares, doenças autoimunes, câncer, depressão, fibromialgia, autismo e até para melhorar o desempenho na atividade física. No entanto, existe um consumo exagerado e desnecessário desses suplementos no Brasil e não há evidências científicas confiáveis desses benefícios”, adverte a endocrinologista Soraya Lopes Sader, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) informa que a venda de suplementos de vitamina D nas farmácias e drogarias brasileiras representou R$ 195,8 milhões em 2014 e R$ 588,5 milhões em 2017, um crescimento de cerca de 200%. No Estado de São Paulo, a rede farmacêutica faturou R$ 63,8 milhões em 2014 e, três anos depois, R$ 188,3 milhões, um aumento de mais de 195%.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a vitamina D é um pré­-hormônio produzido a partir da ação do raio ultravioleta B na pele.

A médica Soraya acrescenta que a vitamina D, facilitadora da absorção de cálcio no organismo, é obtida com o banho de sol, de 10 a 15 minutos por dia, de preferência entre 10 e 15 horas, expondo os braços e as pernas, pelo menos três vezes por semana. No inverno, a produção da vitamina D pela pele pode ser reduzida, de acordo com a região do País. No entanto, em pessoas sadias, não é necessária a reposição com suplemento, esclarece.

A vitamina D também é obtida através de alimentos como óleo de fígado de bacalhau e peixes gordurosos (salmão, atum, cavala), porém, em quantidades inferiores à necessidade diária. Sendo assim, a principal fonte de captação de vitamina D entre as pessoas sadias é a síntese cutânea através do sol.

Grupos de risco – Ela diz que apenas idosos, mulheres com diagnóstico de osteoporose e osteopenia, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e outros grupos específicos precisam de reposição de vitamina D. Definida pelo médico, casos de deficiência de vitamina D recebem altas doses do suplemento durante oito semanas e, depois, dose reduzida de manutenção para controlar o problema de saúde.

Casos de contraindicação para exposição solar, como pacientes com câncer e lúpus devem receber suplemento de vitamina D com orientação médica.

O Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da SBEM informa que a taxa maior de 20 nanograma por mililitro (ng/mL) é o desejável para população geral saudável. Entre 30 e 60 ng/mL é a taxa recomendada para grupos de risco como idosos, gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismos, osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos.

Entre 10 e 20 ng/mL é considerado baixo com risco de fraturas e perda de massa óssea. Menor do que 10 ng/mL é muito baixo, com risco de evoluir com defeito na mineralização óssea (osteomalácia e raquitismo).

Nos casos de deficiência de vitamina D, informa a SBEM, o paciente inicialmente pode não relatar sintomas. Quando as queixas aparecem é importante ficar atento à fadiga, fraqueza muscular e dor crônica. A médica Soraya destaca que apenas grupos de risco devem realizar exames frequentes para acompanhar o nível de vitamina D.

Intoxicação – A SBEM informa ainda que a taxa acima de 100 ng/mL é considerada elevada, com risco de hipercalcemia (quando a quantidade de cálcio no sangue é maior do que a normal) – caso de intoxicação.

A endocrinologista Soraya alerta que o consumo de alta dose de vitamina D, por tempo prolongado, provoca intoxicação medicamentosa e diversas complicações: “Elevada quantidade de cálcio circula no sangue e é eliminado na urina, o que poderá acarretar excesso de urina, desidratação, desorientação e cálculo renal (a popular “pedra nos rins”). Sem tratamento médico adequado, a longo prazo, o paciente poderá sofrer com a perda da função renal”, alerta a especialista da FMRP da USP.

Departamento de Comunicação CRF-SP

(Fonte: Diário Oficial) 

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