Farmanguinhos aguarda liberação da Anvisa para produzir medicamento tido como o mais eficaz para tratar a doença
São Paulo, 14 de setembro de 2012.
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de outros dois laboratórios brasileiros, aguardam a alteração em uma resolução da Anvisa para dar início à produção nacional de um medicamento considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o mais eficaz no tratamento da tuberculose.
O produto, denominado DFC (dose fixa combinada), contém quatro princípios ativos (isoniazida + rifampicina + etambutol + pirazinamida) em uma única dose e tem como principal vantagem o fato de diminuir de seis para dois o número de comprimidos diários a serem tomados.
No entanto, a liberação da produção do medicamento esbarra em uma normal interna (RDC 136/2003) que não permite o chamado quatro em um, ou seja, a combinação de quatro substâncias em um único fármaco na forma de apresentação oral. Isso somente é permitido no caso de um dos quatro componentes ser cafeína. De acordo com nota publicada no portal da Agência Brasil, o pedido para que a Anvisa reveja a resolução foi feito há mais de um ano, mas a tramitação ocorre em sigilo.
Ainda segundo a nota, a produção em território nacional do quatro em um é fundamental para dar autonomia ao Brasil no tratamento da doença. Hoje o país importa o medicamento e o distribui gratuitamente a cerca de 80 mil pacientes da rede pública, mas, de acordo com informações da Agência Brasil, são frequentes os problemas de abastecimento.
Atualmente são gastos R$ 3,6 milhões com a importação do quatro em um. Por mês, são 2,2 milhões de comprimidos para o combate à tuberculose, cuja incidência é 37 casos por 100 mil habitantes. Entre os problemas estão o abandono do tratamento, que dura seis meses, e os efeitos colaterais dos medicamentos, que provocam mal-estar e desconforto gastrointestinal.
Além de Farmanguinhos - que desde 2010 tem um acordo com o laboratório indiano Lupin para a transferência de tecnologia do quatro em um - podem produzir o comprimido o Núcleo de Pesquisa em Medicamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, segundo o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose.
Renata Gonçalez
Assessoria de Comunicação CRF-SP