Os desafios e melhorias da Plataforma Brasil são debatidos durante o III Seminário de Pesquisa Clínica do CRF-SP
São Paulo, 17 de julho de 2012.
Os desafios a serem enfrentados para que os estudos clínicos no Brasil ofereçam prazos regulatórios mais competitivos, conferindo maior agilidade no processo de aprovação sem perder a excelência nos padrões éticos, foram tema do III Seminário de Pesquisa Clínica – Plataforma Brasil, evento promovido na capital no último sábado (14 de julho) pela Comissão Assessora de Pesquisa Clínica do CRF-SP.
Na abertura do seminário, o presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, afirmou que o trabalho do farmacêutico engrandece a profissão, por se tratar de uma área sempre permeada pela questão ética. “Não há como falar de pesquisa clínica sem falar de ética, por isso, o melhor lugar para ampliar essa discussão é junto ao CRF-SP. Trata-se de uma área com amplo campo de atuação e o profissional precisa entender a importância de estar inscrito no Conselho. Estar habilitado e inscrito no órgão que zela pela ética traz segurança ao profissional e ao empregador, já que a pesquisa clínica está intimamente ligada à ética”.
Na sequência deu-se início às palestras com a participação de representantes de diferentes esferas envolvidas no processo de aprovação dos estudos clínicos. A primeira delas foi a dra. Margareth Rose Priel, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que abordou a concepção e o objetivo do Conep.
Dra. Margareth apresentou um panorama da Plataforma Brasil, uma base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos. “A Plataforma permite que as pesquisas sejam acompanhadas em seus diferentes estágios, desde sua submissão até a aprovação final pelo CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) e pela Conep, quando necessário, possibilitando inclusive o acompanhamento da fase de campo, o envio de relatórios parciais e dos relatórios finais das pesquisas (quando concluídas)”, explicou.
Mais agilidade, menos burocracia
A visão do Comitê de Ética em Pesquisa foi tema da palestra da dra. Miriam Ghiraldini Franco, representante do CEP/Unifesp/Hospital São Paulo, que ressaltou que a atividade de pesquisa clínica apresentou um crescimento muito intenso nos últimos anos, o que pode ser verificado por meio de uma série de indicadores: maior volume de investimentos, de recursos humanos dedicados a essa atividade, de projetos, de pacientes envolvidos, de espaço na imprensa não especializada e médica.
Alguns facilitadores desse processo foi a legislação brasileira, com a Resolução CNS 196/96, que, segunda a palestrante, inseriu o Brasil no cenário mundial da pesquisa clínica. “No entanto, a maioria dos estudos é patrocinada pela indústria farmacêutica, que por sua vez é submetida a diferentes comitês”. Dra. Miriam ressaltou ser necessário mais agilidade dos comitês, menos burocracia, sem qualquer flexibilização dos padrões éticos. “Nesse sentido, a Plataforma Brasil é a grande luz no fim do túnel. Temos de trabalhar para que ela tenha os ajustes devidos”.
O ponto de vista dos centros de pesquisa ficou a cargo do dr. Roberto Jun Arai, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Segundo ele, “é desesperador ver a fila de pacientes à espera de tratamentos e não poder atender a toda a demanda, em parte provocada pelas dificuldades geradas pelos longos prazos regulatórios. “A Plataforma Brasil tem de passar por revisão técnica, já que o sistema, frequentemente, apresenta inconsistências. É preciso direcionar as mudanças de acordo com as necessidades de todos os segmentos”.
Mercado promissor
Para mostrar a visão do patrocinador, o seminário também contou a participação do dr. José Emílio Neto, da empresa Quintiles Brazil. O palestrante lembrou que a pesquisa é um meio para promover desenvolvimento social e econômico, e que no exterior, o interesse no Brasil é grande, porém todos ressaltam a importância de se diminuir os prazos regulatórios. “Hoje, somos o sétimo maior mercado farmacêutico mundial, com previsão de alcançarmos a sexta colocação em 2015. Para chegarmos nesse patamar, é preciso ter confiança nas melhorias do sistema”, afirmou o dr. José Emílio.
Renata Gonçalez
Assessoria de Comunicação CRF-SP