Levantamento do CRF-SP verifica que 87% dos MIPs disponíveis no autosserviço para consumidor não possuem bula

Deputados paulistas colocam saúde da população em riscoDeputados paulistas colocam saúde da população em riscoSão Paulo, 27 de abril - Levantamento realizado pela equipe de fiscais do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) apontou que 87% dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) pesquisados que estavam acessíveis ao consumidor (autosserviço), não possuem bula disponível para consulta. Os fiscais visitaram 1.442 estabelecimentos entre os dias 5 e 12 de abril. O número representa cerca de 12% do total de drogarias do Estado de São Paulo.

O levantamento foi realizado após a aprovação pela Assembleia Legislativa de São Paulo, da lei nº 14.708, em 15 de março de 2012, de autoria do deputado Antonio Salim Curiati, que autoriza as drogarias a colocarem esses medicamentos novamente em gôndolas com acesso livre dos pacientes. A lei havia sido vetada pelo governador Geraldo Alckimin, que é médico, mas o veto do governador foi derrubado pela Assembleia. O CRF-SP enviou ofício aos parlamentares alertando sobre os perigos que envolvem o acesso direto da população aos medicamentos, mas os deputados desconsideram as questões técnicas e colocaram a saúde da população em risco.

“Colocar medicamento ao alcance da população da forma que está sendo realizado pela Assembleia é um incentivo à automedicação irresponsável. Não há bula e a população fica com acesso direto ao medicamento, sem orientação e sem saber exatamente qual a finalidade e os riscos envolvidos no consumo desses medicamentos e ao mesmo tempo é influenciada pela publicidade. É uma situação temerária”, explica Pedro Menegasso, presidente CRF-SP.

Segundo Menegasso, o fato de um medicamento ser isento de prescrição não significa que ele não traga riscos à saúde do paciente (veja tabela abaixo). “Ao que parece, a Assembleia está muito preocupada com questões comerciais e os cuidados com a saúde da população foram deixados em segundo plano. Num país com alta taxa de analfabetismo funcional como o Brasil, o farmacêutico é a única fonte de informação confiável sobre consumo de medicamentos para expressiva parte da população, enfatiza o presidente do CRF-SP.

Nos países desenvolvidos do mundo a população não tem acesso a esses medicamentos sem bula ou sem orientação farmacêutica. Mesmo nos Estados Unidos, onde há maior tendência à liberação dos MIPs, a Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo norte-americano que controla o comércio de alimentos e medicamentos, considera que a automedicação só é aceitável se o paciente estiver informado claramente sobre a finalidade do medicamento, os riscos envolvidos no seu consumo, seus efeitos adversos e interações medicamentosas.

Situação antagônica

No Brasil, o farmacêutico que trabalha em drogarias se vê numa situação antagônica. Sua função é preservar a saúde do paciente, mas existe uma pressão comercial imensa que recai sobre seus ombros. Diante disso, não apenas os MIPs são comercializados sem critérios, mas muitas vezes se dispensa ao paciente medicamento tarjado sem a devida prescrição. “Em muitos casos, os farmacêuticos recebem comissão pela venda de medicamentos, algo inadmissível e antiético para quem tem por princípio atuar na defesa da saúde do paciente”, diz Menegasso.

O presidente do CRF-SP alerta que os farmacêuticos devem denunciar ao Conselho as empresas que adotam essas práticas e lembra ainda que tudo que ocorrer dentro da farmácia com relação a medicamentos e assistência farmacêutica é de responsabilidade do farmacêutico. “Sabemos dos problemas salariais da categoria e das péssimas condições de trabalho as quais os profissionais estão muitas vezes submetidos, mas isso não pode jamais se sobrepor à ética. O farmacêutico precisa ter consciência do risco que corre quando dispensa um medicamento sem prescrição, caso esse medicamento provoque danos à saúde do paciente”.

Algumas interações entre medicamentos isentos de prescrição e outros

Vitamina C (acima de 1g)  + Anticoncepcional

Aumento do hormônio da pílula no sangue e seus possíveis efeitos colaterais

Ácido acetilsalicílico (ex: aspirina, aas) + Bebidas alcoólicas ou anti-inflamatórios

Aumento do risco de sangramento no estômago

Paracetamol   (ex: tylenol) + anti-inflamatórios não esteróides

Pode potencializar os efeitos tóxicos e causar problemas ao fígado (toxicidade)

Problemas com a superdosagem: 

Paracetamol (analgésico e antitérmico) 

Uso prolongado pode causar problemas ao fígado (toxicidade) 

Ácido acetilsalicílico  (aas, aspirina) 

Náuseas, vômitos, diarreia, gastrite, hemorragia gástrica, urticárias e enjoos. O uso prolongado e em dose excessiva pode predispor a problemas no rim.

Em pessoas com dengue, pode causar sequelas ou até matar por risco aumentado de hemorragias 

 

Assessoria de Comunicação CRF-SP

 

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