Seminário reúne profissionais da saúde para debater a resistência bacteriana

 

São Paulo, 1º de agosto de 2011.

 

Público presente ao auditório do SindusfarmaPúblico presente ao auditório do Sindusfarma

A data 30 de julho foi instituída como o Dia Estadual do Farmacêutico pelo Uso Racional de Antibióticos e Combate à Resistência Bacteriana. Aproveitando a oportunidade, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) realizou o seminário “Uso Adequado de Antimicrobianos e Combate à Resistência Bacteriana: Compromisso com a Saúde. Responsabilidade de Todos”, no último sábado (30/11), evento que contou com a presença de mais de 100 pessoas, no auditório do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma).

A resistência bacteriana foi debatida por especialistas de várias áreas da saúde e as informações ajudaram aos profissionais presentes a entender melhor a extensão do problema, os efeitos danosos causados pelas superbactérias e como a atuação consciente pode contribuir para minimizar esses efeitos.

Na abertura, o diretor do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, destacou a importância do evento como parte das ações necessárias para o combate ao problema. Reforçou a necessidade de capacitação dos farmacêuticos para que sejam multiplicadores e esclareceres sobre os uso racional de medicamentos e que o governo precisa fazer sua parte realizando campanhas educativas e de conscientização para a população. “Estamos orgulhosos de conduzir esta discussão, que valoriza o farmacêutico, e já estamos pensando em outras ações que iremos realizar em breve”, disse.

Mesa-Redonda

O Seminário contou com a palestra de especialista das áreas farmacêutica, médica e veterinária que apresentassem dados sobre a resistência bacteriana em cada segmento. Na sequência, foi promovida uma mesa redonda, momento em que houve debate entre palestrantes e o público participou realizando perguntas.

dr. Pedro Menegassodr. Pedro Menegasso dr. Renato Grinbaumdr. Renato Grinbaum

O Coordenador do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dr. Sidarta Figueiredo, apresentou em sua palestra as medidas mais recentes adotadas pela Agência para o controle dos antibióticos, como a RDC 20/11, e sobre a escrituração eletrônica de receitas, que deve ter ser modelo definido a partir de novembro.

O Dr. Sidarta destacou ainda uma recente pesquisa feita pelo Sindusfarma, que não é oficial, mas mostra indicativos importantes segundo a qual houve queda de 25% nas vendas de antibióticos desde a implantação das medidas de controle.  O palestrante estimou que as ações devem apresentar resultado em médio prazo . “Será necessário esperar de três a quatro anos para que seja notada alguma redução dos níveis de resistência”, afirmou Sidarta.

dr. Sidarta Figueiredodr. Sidarta Figueiredo dra. Silvana Górniakdra. Silvana Górniak

O delegado regional do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), dr. Renato Satovschi Grinbaum, destacou a necessidade de maior controle do problema nos hospitais através de sistemas de monitoramento das bactérias. Ele identificou que a superlotação e a falta de profissionais bem treinados nos hospitais são problemas imediatos que precisam ser combatidos.  Grinbaum disse que “o uso de antibióticos de forma indiscriminada sem evidência de diagnóstico fazem com que pacientes sem infecção usem esses medicamentos. Outro problema grave é a automedicação, uma prática que está na cultura da população e que precisa ser enfrentada por meio de campanhas educativas”.

O uso de antimicrobianos em animais também foi debatido com a participação da representante do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Dra. Silvana Lima Gorniak, que também é docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ/USP). Ela explicou como é administrada esta classe de medicamentos nas criações de animais de abate e como o consumo dessas carnes e derivados pode contribuir para a resistência bacteriana.

 

dr. Nilton E. L. Huenumandr. Nilton E. L. Huenuman

Dra. Silvana afirmou ainda que problema ocorre no meio veterinário por diversas razões como: o uso indiscriminado com a finalidade de promover o crescimento acelerado da criação, administração de medicamentos desconsiderando as espécies de animais, uso de antimicrobianos de má qualidade ou proibidos e manipulação de medicamentos, que é uma prática proibida. Ela acredita que dentre as ações necessárias para minimizar o problema estão “o controle da venda de antimicrobianos para o uso veterinário e a implantação de uma agência reguladora ligada ao Ministério da Agricultura”, afirmou.

O seminário reservou a parte da tarde para a palestra do Dr. Nilton Erbet Lincopan Huenuman, do Laboratório de Resistência Bacteriana e Alternativas Terapêuticas da USP. Sua apresentação “Panorama da Resistência Bacteriana no Brasil”, apresentou de maneira técnica como as bactérias, por meio de um processo de seleção natural, passaram por mutações e criaram resistências aos medicamentos. O dr. Huenuman enumerou as principais classes de antimicromianos e como cada um deles age para matar ou inibir o crescimento de bactérias.

A Dra Margarete Kishi, diretora do CRF-SP, também participou dos debates e destacou a importância do governo federal realizar o controle dos antimicrobianos utilizados em animais destinados à alimentação humana.

Palestras multidisciplinares

Público presente ao evento do dia 29 de julhoPúblico presente ao evento do dia 29 de julho Na sexta-feira (29 de julho), mais de 60 pessoas participaram de duas palestras que destacaram aspectos importantes no trato com antimicrobianos nas farmácias clínicas e hospitalares. 
A primeira delas, intitulada “A importância do farmacêutico na promoção do uso adequado de antimicrobianos e combate à resistência bacteriana”, ficou a cargo do farmacêutico clínico dr. Daniel Bazoli, também ministrante de diversos cursos do CRF-SP.

Ao longo da apresentação, ele destacou inúmeras responsabilidades que cabem ao farmacêutico no combate à resistência bacteriana, como a realização de anamnese com minuciosa investigação de histórico de alergias do paciente, conferência de posologia indicada, possíveis interações entre o medicamento e alimentos, entre outras orientações.

 

dr. Daniel Bazolidr. Daniel Bazoli dr. Gustavo Andradedr. Gustavo Andrade

Na sequência, o dr. Gustavo Alves Andrade dos Santos, coordenador da Comissão Assessora de Farmácia Hospitalar do CRF-SP, abordou a atuação do farmacêutico na Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) e o combate ao uso inadequado de antimicrobianos.

De acordo com o palestrante, de 20% a 50% das dispensações realizadas dentro de hospitais envolvem antibióticos. “Por esse motivo, a atenção do farmacêutico no ambiente hospitalar deve ser redobrada já que todas as prescrições passam por ele”, afirmou dr. Gustavo. Outro ponto alto da palestra foi a apresentações dos pontos mais vulneráveis a focos de infecções hospitalares, sendo as mais comuns as de trato urinário, pneumonia aspirativa, infecções cirúrgicas e septicemia.

 

Carlos Nascimento e Renata Gonçalez
Assessoria de Comunicação CRF-SP

 

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