Simpósio do CRF-SP debate cuidado farmacêutico no noroeste paulista
São José do Rio Preto, 19 de junho de 2023
As seccionais de São José do Rio Preto e Fernandópolis realizaram na última sexta-feira e sábado, 16 e 17 de junho, o I Simpósio do Noroeste Paulista. O evento contou com a participação de 70 profissionais da região que debateram o cuidado farmacêutico em diversos setores da profissão, como Estética, Oncologia, Saúde Pública e o foco do profissional na atenção ao paciente. Além disso foi abordado as perspectivas da valorização profissional.
O evento teve início na noite de sexta-feira com a apresentação do secretário-geral do CRF-SP, Dr. Adriano Falvo, que abordou a necessidade da mudança de postura do farmacêutico frente as atribuições clínicas.
Ele explanou que não há futuro no simples ato de entregar medicamentos. Essa atividade pode e será feita pela internet, máquinas e/ou técnicos bem treinados. Por isso os farmacêuticos devem prover cuidado.
Delegado regional e delegado regional adjunto de São José do Rio Preto, Dr. Roberto Malta e dr. Anderson de Almeida e delegado regional de Fernandópolis, Dr. Giovanni de Oliveira
E ele também falou da valorização profissional, que vai além da renda financeira e que não nasce pronta. “Você tem que conquistar. Ou melhor, você tem que construir a sua valorização como profissional. E, lembrando que uma profissão é verdadeiramente reconhecida pela sociedade quando as pessoas precisam e confiam no trabalho dos profissionais que integram a categoria”, ressaltou.
Além disso, Dr. Adriano citou as etapas de Implantação dos Serviços Farmacêuticos, que são: a descoberta (conhecimento), a exploração (análise), a preparação (planejamento estratégico e estruturação), os testes, a operação (análise de resultados e ampliação) e a sustentabilidade (resultados consolidados e persistentes).
Dr. Adriano Falvo, secretário geral do CRF-SP
Sábado
O segundo dia de evento foi iniciado pela apresentação sobre Saúde Estética, ministrada pelo farmacêutico Dr. Gustavo Guerra. Ele apresentou o cenário aquecido do setor no País, que, de acordo com a Associação Brasileira de Franquias, no ramo de franquias, a área da Saúde, Beleza e Bem-estar faturou aproximadamente R$ 34,2 bilhões, colocando o Brasil como o maior mercado de estética e beleza da América Latina, e o quarto no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.
Ele explicou que para atuar como farmacêutico esteta é necessário ter pós-graduação, cursos de atualização, habilidades de comunicação e saber identificar a queixa do paciente.
Para finalizar, Dr. Gustavo apresentou as vantagens de o profissional da saúde estética ser um farmacêutico, como o conhecimento profundo em farmacologia, fisiologia, bioquímica, cosmetologia, tecnologia farmacêutica, nutracêuticos, ativos farmacológicos, entre outros, e alertou que a Farmácia Estética é uma atividade que deve ser exercida com cuidado, ética e responsabilidade.
Dr. Gustavo Guerra e Dra. Priscila Delucca
A atuação do farmacêutico na Oncologia foi abordada pela Dra. Priscila Delucca, que citou as resoluções que regem o âmbito farmacêutico no setor, como a CFF Nº 565/2012, que diz que é atribuição privativa do farmacêutico o preparo dos antineoplásicos e demais medicamentos que possam causar risco ocupacional ao manipulador (teratogenicidade, carcinogenicidade e/ou mutagenicidade) nos estabelecimentos de saúde públicos ou privados; e a CFF Nº 640/2017, que estabelece a titulação mínima para a atuação do farmacêutico em Oncologia, como ter título de especialista emitido pela Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo), ter feito residência na área, ter pós-graduação lato sensu reconhecida pelo MEC ou três anos ou mais de experiência comprovada.
Ela também falou sobre os principais papeis do farmacêutico que atua na área, como a atuação na manipulação de medicamento, na reconciliação medicamentosa, na farmacogivilância, na gestão e na interação com os demais profissionais de saúde e com os pacientes e seus cuidadores.
Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira do CRF-SP
A diretora-tesoureira do CRF-SP. Dra. Danyelle Marini, também marcou presença no Simpósio e abordou os serviços farmacêuticos com foco no cuidado.
Dra. Danyelle resgatou o histórico da profissão que tinha, no início do século XX, uma relação de respeito e confiança entre o farmacêutico e o paciente, mas que essa característica foi se perdendo a partir da década de 1960, quando ocorreu a reforma no ensino, com a formação tecnicista e com a industrialização dos processos e dos medicamentos, acarretando o afastamento do profissional das farmácias. “Esses efeitos desvalorizaram o papel do farmacêutico, descaracterizando-o como profissional de saúde”, destacou.
Ela falou desse resgate da prática farmacêutica com foco no paciente e da importância do cuidado farmacêutico, que é materializado pelos serviços farmacêuticos, dos quais foram citados: dispensação de medicamentos, aplicação de injetáveis, manejo de saúde autolimitado, prescrição farmacêutica, revisão da farmacoterapia, conciliação de medicamentos, monitorização terapêutica de medicamentos, gestão e condição em saúde, acompanhamento farmacoterapêutico, rastreamento em saúde, parâmetros fisiológicos, parâmetros bioquímicos e exames laboratoriais.
Dr. Leonardo Régis Leira Pereira e Dra. Larissa Silva
Na sequência, o cuidado farmacêutico na dispensação de medicamentos foi mais detalhado pelo Prof. Dr. Leonardo R. L. Pereira, docente na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, que citou quatro etapas fundamentais na dispensação: observar o aspecto legal da prescrição, realizar a anamnese, aplicar a revisão da farmacoterapia e dispensar o medicamento.
Por fim foram apresentadas vivências do cuidado farmacêutico no SUS pela supervisora da assistência farmacêutica na Atenção Primária à Saúde no município de Catanduva, Dra. Larissa Silva, que relatou que em sua cidade há 34 farmacêuticos e nove técnicos em Farmácia no Âmbito da Atenção Básica, que atuam com serviços clínico assistenciais, como a dispensação de medicamentos, a revisão da farmacoterapia, a monitorização terapêutica de medicamentos, a reconciliação medicamentosa, o rastreamento em saúde e o acompanhamento farmacoterapêutico; os serviços técnico pedagógicos, como a informação e educação em saúde no âmbito individual e coletivo, prevenção e identificação de erros de medicação, prevenção, detecção e notificação de eventos adversos relacionados aos medicamentos e detecção e notificação de desvio de qualidade de medicamentos.
Monica Neri
Departamento de Comunicação CRF-SP
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