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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 127 - AGO - SET - OUT / 2016

CAPA - NOVAS TECNOLOGIAS NA ÁREA FARMACÊUTICA

 

Farmácia high tech

A prática farmacêutica está se transformando com as novas tecnologias. A Revista do Farmacêutico separou algumas novidades, de novos medicamentos a aplicativos

 

capa 001Fotografia panorâmica do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, Estado de São Paulo

O que um colisor de partículas tem a ver com a saúde?

É um aparelho desses, dos mais sofisticados, o instrumento utilizado pelo cientista Mateus Borba Cardoso, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), para a pesquisa intitulada Funcionalização de Nanopartículas de Sílica: Aumentando a Interação Biológica. 

Com o Sincrontron, acelerador de partículas instalado em Campinas, interior do Estado, o pesquisador consegue demonstrar a inativação de um vírus, baseado em química de superfície de nanopartículas funcionalizadas. Devido a sua porosidade, e, portanto, a capacidade de reter diversas substâncias, as nanopartículas poderão ser aplicadas nas mais variadas terapias farmacêuticas. O cientista tem agregado às nanopartículas propriedades bactericidas, viricidas e até mesmo capazes de induzirem a morte de células tumorais de forma seletiva. 

Mateus Borba começou a desenvolver a pesquisa em 2009, ao voltar dos Estados Unidos. “Na primeira fase, nos concentramos em trabalhar com nanopartículas capazes de matar bactérias, depois, passamos às bactérias resistentes, daí expandimos para o estudo de células tumorais in vitro. A nossa última empreitada é a inativação viral”, conta.

O pesquisador relata que é possível colocar, na superfície das nanopartículas, substâncias como o folato, e direcioná-las às células tumorais, que  são ávidas por folato. “Células assim têm entre 200 e 300 vezes mais receptores de folato que uma sadia. Então, a tendência é que a tumoral seja facilmente atraída”, explica. O pesquisador conseguiu  também desenvolver uma atração eletrostática entre as nanopartículas e o vírus HIV. A pesquisa com nanopartículas ainda consumirá mais dez anos até que seja testada em humanos.

BIODIVERSIDADE BRASILEIRA

capa 002Dr. Ogari Pacheco, presidente do Complexo Industrial CristáliaAs pesquisas desenvolvidas por brasileiros têm atraído investimentos de empresas farmacêuticas ao país. Atenta a isso, a Cristália apostou na criação do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), que levou a indústria a obter destaque mundial ao desenvolver a Colagenase Animal Free – insumo farmacêutico utilizado na pomada Kollagenase, utilizada no tratamento de diferentes tipos de feridas e queimaduras. 

Até então importada, a colagenase desenvolvida e patenteada pela Cristália é o primeiro Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) biotecnológico obtido a partir da biodiversidade brasileira. O insumo também será aplicado no desenvolvimento de novos produtos voltados para mercado farmacêutico nacional e internacional. A Cristália é pioneira na realização da cadeia completa de um medicamento, desde a concepção da molécula até o produto final.

“A biodiversidade brasileira é um universo. É extraordinariamente variada. É preciso escolher qual área se quer trabalhar, caso contrário você fica tal qual uma borboleta voando de porta em porta. O negócio é ter foco e nós estamos focando em recursos oriundos do solo. Estamos apostando alto. Deveremos ter substâncias voltadas para a antibioticoterapia e também tumorais. Esse é o nosso foco no momento”, afirmou o dr. Ogari Pacheco, presidente do Complexo Industrial Cristália.

ANTICORPOS MONOCLONAIS

A julgar pelos investimentos, a biotecnologia é o futuro da Farmácia. A planta de biofármacos da Libbs, instalada em Embu das Artes, na Grande São Paulo, foi concebida inicialmente para a produção de medicamentos biológicos e biossimilares à base de anticorpos monoclonais –última geração de medicamentos biológicos. 

De acordo com a diretora de Relações Institucionais da Libbs, dra. Márcia Bueno, além dos anticorpos, a empresa também produzirá moléculas inovadoras de medicamentos biológicos. “O desenvolvimento dos anticorpos monoclonais são resultado de uma evolução dos estudos da engenharia genética, biologia molecular dos últimos anos. Tratam-se de medicamentos baseados na terapia-alvo”, explica. 

capa 003Diretora de relações institucionais da Libbs Farmacêutica, dra. Márcia BuenoA primeira etapa de implantação dos testes na unidade de Embu das Artes tem funcionado por meio das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Instituídas pelo governo federal para estimular a indústria nacional, as PDP se propõe a desenvolver o parque biológico brasileiro para diminuir o número de importações. 

De acordo com a dra. Márcia Bueno, o Brasil já possui capacidade para se tornar um grande player internacional. “Temos uma base científica muito robusta. O governo sinaliza que irá comprar uma grande quantidade de medicamentos. A empresa se compromete a fazer a produção no Brasil e, em seguida, a tecnologia é transmitida para laboratórios públicos. Dessa forma, a produção local destas tecnologias impacta positivamente o custo final dos medicamentos”, afirma.

O perfil profissional procurado pela Libbs para o setor de biossimilares deverá incluir conhecimentos nas áreas administrativa e técnica. O profissional que trabalhar com anticorpos monoclonais deverá também conhecer profundamente os campos da biologia molecular, os processos experimentativos, de purificação, boas práticas de fabricação, técnicas analíticas que compõem a avaliação do medicamento biológico, cultivo celular, como extrair as proteínas, produção e purificação de proteínas, além de técnicas de garantia de qualidade, segurança biológica, regulamentação técnica e pesquisa clínica (como produzir estudos), entre outros.

por Wesley Gomes 

 

 

 

 

 

     

     

    farmacêutico especialista

     

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