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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 126 - MAI - JUN - JUL / 2016

COMISSÕES ASSESSORAS / FARMÁCIA CLÍNICA

   

Na farmácia como no hospital

Farmácia universitária da USP desenvolve projeto que enfatiza atuação clínica junto ao paciente

 

farmacia-clinica01Farmácia universitária da USP desenvolve projeto que enfatiza atuação clínica junto ao pacienteApós a publicação da Lei 13.021/2014, que mudou o conceito de farmácia comercial para estabelecimento de saúde, as habilidades clínicas passaram a ter mais importância para a atuação do farmacêutico. A necessidade de um atendimento mais completo ao paciente foi evidenciada, e as atribuições clínicas, que antes eram desempenhadas quase que exclusivamente no ambiente hospitalar, passaram a ser exercidas também na farmácia comunitária. A partir de então, se fez necessário melhorar a formação dos farmacêuticos nesse aspecto e capacitar aqueles que já atuavam no modelo anterior.

Sob essa tendência, a Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Farmusp), que é um polo de ensino, pesquisa e extensão à comunidade, preocupada em atender essa demanda, desenvolveu o projeto intitulado: “Seguimento Farmacêutico de Pacientes com Câncer de Próstata, submetidos a Bloqueio Androgênico Medicamentoso”. A iniciativa pretende integrar a participação de alunos de graduação (estágios curriculares) e pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado) na filosofia da farmácia clínica.

O projeto é realizado em parceria com o Hospital Universitário da USP e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) e atende atualmente 27 pacientes encaminhados pela equipe médica do Hospital Universitário. “Realizamos uma das práticas mais complexas relacionadas a serviços farmacêuticos clínicos, que é o acompanhamento farmacoterapêutico e elaboração de um plano de cuidados até que os objetivos determinados e acordados sejam atendidos”, explicou a dra. Silvia Storpirts, coordenadora e docente da Farmusp.

Os pacientes que participam do projeto atendem a um perfil específico. São idosos e, além de portadores de câncer de próstata, possuem comorbidades como hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença de Alzheimer, dislipidemia, hipotireoidismo, anemia, depressão, gota, entre outras de menor prevalência. 

Segundo a dra. Silvia Storpirtis, 74% dos pacientes fazem uso de polifarmácia, “fato que pode trazer complicações ao tratamento e torna extremamente necessária a presença do farmacêutico para o estabelecimento do uso racional de medicamentos, tendo como base os conhecimentos e habilidades desenvolvidos na área de farmácia clínica”.

De acordo com o levantamento as classes terapêuticas mais utilizadas, além dos medicamentos oncológicos são: anti-hipertensivos e medicamentos cardiovasculares (83,33%), analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios (38,89 %), agentes anti-hiperlipidêmicos (38,99 %), agentes antidiabéticos (38,89%) e inibidores da secreção gástrica (33,33%).

farmacia-clinica02A realização do acompanhamento farmacoterapêutico inclui a avaliação da adesão do tratamento farmacológico e não farmacológico, entre outrosA realização do acompanhamento farmacoterapêutico inclui: avaliação da adesão do tratamento farmacológico e não farmacológico e da qualidade de vida do paciente, análise das prescrições, estudo das interações medicamentosas e alimentares, construção do calendário posológico, aferição de pressão arterial, medição da circunferência abdominal e verificação do peso para a realização do cuidado farmacêutico pleno. “Fazemos todo o mapeamento do perfil do paciente já na primeira consulta. Depois estudamos esse perfil para oferecer uma proposta de acompanhamento de sua farmacoterapia”, explicou a dra. Maria Aparecida Nicoletti, farmacêutica responsável pela Farmusp.

Os medicamentos que fazem parte da farmacoterapia oncológica são disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde. No entanto, uma outra parte é fornecida pelo município. Por isso, a Farmusp está em negociação com a Secretaria Municipal de Saúde para promover o conceito de farmácia integrada. “A ideia é ter em um único local todos os medicamentos que o paciente necessita. Isso é cômodo, facilita a vida do paciente, porque ele não precisa se deslocar para buscar os medicamentos. O mais importante é que isso aumenta a adesão ao tratamento”, acrescentou a dra. Maria Aparecida.

Na avaliação das especialistas, as discussões sobre a construção do novo modelo de atuação da Farmusp foram pautadas em uma farmácia universitária que não reproduz um modelo predominantemente comercial. “Também acreditamos que as farmácias precisam buscar o lucro, mas não podem apenas ficar nas práticas comerciais, têm que evoluir como em outros países do mundo”, disse a dra. Silvia Storpirtis.

“A população ainda não está acostumada a ver o farmacêutico com esse grau de competência, mas é preciso mudar a mentalidade”, completou a dra. Maria Aparecida. 

Por Carlos Nascimento 

 

 

 

  

 

     

     

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