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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 123 - NOV - DEZ / 2015

CAPA

  



 

Necessidades do paciente criam a nova Farmácia

 

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Essa foi a conclusão dos maiores especialistas do país e do mundo, presentes nas 150 atividades do maior evento farmacêutico da América Latina, realizado pelo CRF-SP, com sucesso, em outubro

  

 

Foram muitas e diversas as vozes, mas os temas ligados à atenção e os cuidados ao paciente, sob a ótica de várias áreas da Farmácia, dominaram a maior parte das atividades dos quatro dias do XVIII Congresso Farmacêutico de São Paulo, realizado na capital entre 10 e 13 de outubro, e cujo sucesso deixou o CRF-SP com a sensação de dever cumprido. Mais de 3 mil participantes disputaram um lugar nas salas do Centro de Convenções Frei Caneca. Prescrição, atenção farmacêutica, práticas clínicas, entre outros, foram os mais procurados.
A nova Farmácia que vem sendo construída após a aprovação da Lei 13.021/14 encampa um movimento que não é apenas brasileiro. Especialistas renomados dos mais diferentes sotaques, como Argentina, Chile, México, Cuba, Estados Unidos, Alemanha, Espanha e até da Finlândia, deixaram o mesmo recado.
capa5Dra. Carmen Peña (à dir.) recebe as boas vindas dos farmacêuticos de São Paulo: evento teve presença inédita da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP)“Nós, farmacêuticos, somos o rosto humano do sistema de saúde”, afirmou a presidente da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP), dra. Carmen Peña, cuja entidade participou pela primeira vez de um evento desse porte no país. Ela protagonizou o encerramento do evento com a palestra “Uma nova farmácia para um novo perfil de farmacêutico”, na qual destacou o aspecto humanizado que a sociedade espera do profissional do futuro.
Profissionais de outros países trouxeram o testemunho de que as dificuldades enfrentadas aqui nem sempre são diferentes das de lá. O dr. Lawrence Brown, membro da American Pharmacists Association (Apha), ponderou que os norte-americanos sofrem de problemas parecidos com os brasileiros que atuam no SUS, por exemplo. “Se o farmacêutico tiver status de profissional de saúde, o governo pode reembolsá-lo pela prestação de serviços. No entanto, hoje, a lei norte-americana não cita a profissão de farmacêutico na lista dos profissionais de saúde”, disse, na palestra “Pharmacy Carrers in United States”.
Humanizar a relação profissional-paciente permeou quase todo o evento. “Farmacêutico, eu te convoco a atuar na farmácia. Não há escola melhor do que o balcão. Todo farmacêutico é um professor. Porque o que mais a gente faz é ensinar o outro”, afirmou a dra. Valéria Maria de Souza Antunes na mesa-redonda “A Gestão dos Serviços Farmacêuticos e sua Contribuição para o Incremento dos Negócios”.

capa4À esq., farmacêuticos participam do maior evento do setor da América Latina. À dir., componentes da mesa de abertura: ao centro, dr. Pedro Menegasso (CRF-SP), à sua esquerda, dr. Carlos Maurício Barbosa (Ordem dos Farmacêuticos de Portugal) e dr. Glicério Maia (Sinfar-SP), à sua direita, dra. Terezinha Andreoli (Comissão Científica), dra. Rosário Hirata e dr. Fábio Ribeiro (Comissão Executiva).

EDUCAÇÃO
A formação atual dos farmacêuticos foi apontada como um dos empecilhos à mudança. “É um momento de reflexão para levarmos aos gestores de educação. Os alunos já não suportam aulas teóricas expositivas tradicionais. Essas novas metodologias de aprendizagem precisam prever a mudança para uma formação mais didática. Isso ao longo do tempo vai mudar”, declarou a dra. Sílvia Storpirtis no simpósio “A Farmácia Universitária e a Assistência Farmacêutica no Brasil”.
No I Simpósio Fronteiras das Ciências Farmacêuticas, a dra. Dirce Akamine reforçou que o papel dessa ciência é a qualidade de vida das pessoas, que pode até passar pelo laboratório, mas tem de chegar ao balcão. “Durante todas as fases da evolução da profissão farmacêutica, as atividades sempre estiveram ligadas ao bem-estar e segurança do paciente. E o papel do farmacêutico na sociedade durante toda a história após a criação da profissão é transformador. Nós somos educadores e devemos ser agentes de mudanças, cuidando da prevenção de doenças e promoção da saúde”, disse.
A boa notícia, segundo os especialistas, é que há sede de saber entre os que estão iniciando a carreira. Era comum, nos corredores do Centro de Convenções, os palestrantes elogiarem o interesse do público. “É com grande satisfação que falo, nesse Congresso, para um público formado por jovens, que desde cedo demonstram interesse em se aprofundar nos conceitos de medicamentos biológicos e biotecnológicos, uma área de grande projeção para o futuro da profissão”, comemorou a dra. Maria Nella Gai, do Chile, no simpósio “Medicamentos Biológicos e Biotecnológicos”.


GERONTOLOGIA
E se o foco é no paciente, os serviços variam de um público para o outro. Responsável pelo curso “Avanços na atuação do farmacêutico na gerontologia”, o dr. Thiago Vinícius Didone enfatizou a necessidade dos idosos de um atendimento mais completo.
“A incidência de reações adversas a medicamentos (RAM) aumenta com a idade. Para se ter uma ideia, 78% dos pacientes com mais de 70 anos apresentaram ao menos um episódio de RAM nos últimos seis meses. 14,2% dos pacientes com idade igual ao superior a 65 anos visitaram o hospital devido a uma RAM. Destes, 5,8% foram internados por este motivo. Porém, 27,6% das RAMs são evitáveis, especialmente as mais graves”, explicou o dr. Didone.
Na mesa-redonda sobre medicamentos para doenças crônicas, o dr. Tarcísio Palhano resumiu a ideia: “Percebemos a necessidade de mudança de perfil do farmacêutico. Não atrelado ao medicamento, mas à farmácia. É o profissional do paciente, da família. O medicamento é apenas um meio”, considerou.
capa3Dr. Pedro Menegasso: ideal da assistência à saúde deixou campo dos sonhos para se tornar realidadeNo curso “Lei 13.021/14 – Farmácia Estabelecimento de Saúde”, a dra. Valéria Martins Pires discorreu sobre o fato de a nova Farmácia permitir sustentação econômica, talvez com melhor desempenho do que o encontrado na forma atual. “Hoje temos um modelo ampliado de assistência farmacêutica que atua na orientação sobre medicamentos, higiene e beleza, orientação sobre equipamentos para saúde, alimentos e vitaminas e bem-estar”, analisou. “Queremos, agora, chegar no modelo de atenção farmacêutica, atuando em consultórios farmacêuticos e com serviços para saúde. A farmácia como estabelecimento de saúde, além de ser um ganho importante para a população, é uma excelente oportunidade de negócio.”
Foi assim, dessa forma, que a nova Farmácia foi sendo alinhavada, de curso em curso, de palestra em palestra, com a contribuição de cada um, dentro do XVIII Congresso Farmacêutico de São Paulo. Sem combinar um com o outro, os especialistas detalharam um futuro promissor para a assistência à saúde.
“É assim que percebemos que uma ideia deixou o campo dos sonhos para se tornar realidade, quando todos, de diferentes perfis e até origens, estão falando a mesma coisa”, concluiu o dr. Pedro Eduardo Menegasso, presidente do CRF-SP.

Por Carlos Nascimento, Mônica Neri,
Renata Gonçalez e Thais Noronha

 

 

 

 

     

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