Mais de 200 farmacêuticos participaram da capacitação realizada na Câmara Municipal
São Paulo, 18 de abril de 2011.
A partir desta segunda-feira, 18 de abril, os usuários de medicamentos já podem encontrar farmácias e drogarias da capital, cujos farmacêuticos participaram da capacitação no sábado, 16 de abril, e solicitar orientações sobre a pílula do dia seguinte e outros contraceptivos.
Realizada na Câmara dos Vereadores da capital, a capacitação para a nova campanha do CRF-SP - “Contraceptivos, com ênfase na Pílula do Dia Seguinte” - reuniu mais de 200 farmacêuticos que assistiram às palestras multidisciplinares. Dra. Raquel Rizzi, presidente do CRF-SP, foi a primeira a apresentar os dados que motivaram a campanha. “O primeiro passo é orientar a população. Essa é a nossa função, assim evitamos a série de abortos clandestinos motivados pelo desconhecimento dos métodos contraceptivos”.
Representando o CRF-SP também participaram da capacitação o diretor dr. Pedro Menegasso, a secretária-geral dra. Margarete Kishi, os conselheiros dra. Priscila Dejuste e dra. Cecília Leico, além de diretores e vice-diretores regionais.
 Dra. Raquel Rizzi e Paulo Ogata, que representou o vereador Ushitaro Kamia na abertura do evento |
 Dr. Pedro Menegasso e dra. Margarete Akemi Kishi também acompanharam a capacitação |
Na sequência, dra. Amouni Mourad, assessora técnica do CRF-SP, durante a palestra “Direitos sexuais e reprodutivos e métodos contraceptivos”, destacou o posicionamento do farmacêutico. “Passamos da fase de apenas explicar como utilizar os medicamentos. O farmacêutico está assumindo o papel de educador, se precavendo de situações de emergência”. Dra. Amouni apresentou todas as formas de contracepção desde as mais comuns como o preservativo e pílula anticoncepcional, os mais falhos como tabelinha e temperatura corporal, os que são invasivos como DIU e diafragma até os mais incomuns como o capuz cervical.
 Dra. Amouni Mourad, assessora técnica do CRF-SP, falou sobre a interação entre contraceptivos e outros medicamentos |
A farmacêutica alertou sobre a necessidade de procurar um médico para auxiliar na escolha do método que mais se adequa a cada paciente, tendo em vista os diversos tipos de organismos e, consequentemente, as respostas aos contraceptivos. Outro ponto de atenção foi em relação ao uso frequente da contracepção de emergência ou pílula do dia seguinte, como é popularmente conhecida, já que a prática pode causar diversos efeitos adversos devido ao medicamento conter uma dose concentrada de hormônios e pode haver redução da eficácia com o uso costumeiro.
A procura pela contracepção de emergência tem sido intensa nas drogarias. Há 40 anos na área, dr. Paulo Umei, responsável técnico que participou da capacitação, ressalta que a maioria das mulheres chega com muitas dúvidas e relatam até a utilização do medicamento junto com o anticoncepcional. Já o dr. Renato Robortellla Filho, há mais de 20 anos em drogarias, enfatiza a procura diária. “Não existe dia, nem hora e muito menos faixa etária. A qualquer momento meninas até de 12 anos procuram pela pílula D, como é conhecida”.
 A antropóloga Regina Figueiredo, coordenadora de pesquisas em saúde sexual e reprodutiva da secretaria estadual da Saúde |
 O desfecho do evento ficou por conta da palestra da enfermeira Suzana Denicol, coordenadora de treinamento da Bayer |
Dra. Amouni Mourad tratou sobre as interações entre os contraceptivos e outros medicamentos, como é o caso de pílulas anticoncepcionais e anti-inflamatórios, que, neste caso, o primeiro tem a sua eficácia dimuída. Anticonvulsivantes, antibióticos e fungicidas também interagem e podem causar reações adversas.
Saúde sexual – Como abordar?
A antropóloga Regina Figueiredo, que é coordenadora de pesquisas em saúde sexual e reprodutiva da Secretaria Estadual de Saúde, mostrou aos participantes as formas de abordagem que mais se adequam a cada tipo de público, ainda mais se tratando de um assunto que pode causar algum constrangimento.
Regina fez uma abordagem histórica que contextualiza os problemas encontrados hoje como os altos índices de abortos provocados e a intensa procura pela contracepção de emergência. “A pílula do dia seguinte deve ser utilizada apenas em casos de violência sexual e falha dos métodos convencionais”. Ela destacou ainda que em países em que há mais direitos reprodutivos, a contracepção de emergência não possui tarja e, portanto, não precisa de receita médica.
A palestra que encerrou o treinamento foi a da Suzana Denicol, enfermeira que atua na Bayer como coordenadora de treinamento e multiplicadores do Programa ATO. Desde 1993 a Bayer HealthCare Pharmaceuticals, por meio do Programa ATO — Programa de Atenção e Orientação à Saúde Sexual e Reprodutiva, orienta o público adolescente sobre saúde e sexualidade responsável. Suzana falou sobre a necessidade de conhecer as características do público, no caso do paciente que busca orientação na farmácia. “Temos que respeitar valores. Religião, cultura, hábitos e linguagem que nem sempre são iguais aos nossos. Se não houver esse entendimento, não haverá boa aceitação ao passar uma informação”.
A Campanha
As farmácias participantes receberam folderes explicativos para auxiliar na orientação e cartazes para que as pessoas identifiquem o estabelecimento como participante da campanha. O material está à disposição neste portal no link Campanhas e pode ser reproduzido.
Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP
