O governo federal anuncia que irá revisar e ampliar a lista de fitoterápicos recomendados para o Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque a recente inclusão de seis plantas recebeu inúmeras críticas por parte de pesquisadores.

Eles reclamam, por exemplo, da falta de fitoterápicos de ação comprovada contra depressão e ansiedade sem riscos de causar dependência, como ocorre com os antidepressivos e ansiolíticos tradicionais.

Segundo informações do departamento de Assistência Farmacêutico do Ministério da Saúde, uma comissão irá preparar uma relação nacional de fitoterápicos tidos como essenciais, podendo inclusive ampliar a oferta no sistema público de saúde. Em 2009, a lista de medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais do SUS foi alterada, passando de dois para oito itens.

Um dos principais questionamentos feitos por especialistas refere-se à inclusão da cáscara sagrada, planta de origem norte-americana indicada para constipação leve. No entanto, seu uso pode ser contraindicado por causar irritação intestinal  e até mascarar outros problemas no órgão.

Outra ausência observada foi a de fitoterápicos de ação antidepressiva comprovada e que não causam dependência, como o ipérico (ou erva-de-são-joão), além de outras espécies como a macela, a passiflora e a melissa, base de produtos contra ansiedade e insônia também disponíveis nas farmácias.

Já a isoflavona (indicada para o alívio dos sintomas no climatério), uma das seis incluídas na lista do SUS, não há fornecedores do extrato no Brasil, apesar de o Brasil ser o maior produtor de soja do mundo. O produto é todo importado de Israel. A alcachofra, apesar de cultivada no Brasil, não é uma espécie nativa. E a aroeira, indicada para problemas ginecológicos, favoreceu um único produto existente no mercado.

Contestação

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o dr. Luís Marques, membro da Comissão Assessoria de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do CRF-SP, afirma que também há problemas na escolha das 71 espécies da Relação Nacional de

Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus), que serve como referência para investimentos na pesquisa de plantas que poderão, eventualmente, ser incorporadas à rede pública (como já foi feito com as oito atuais). Na reportagem, ele afirma que ninguém há conhecimento de como esta lista foi elaborada.
Para o dr. Luís, a relação mistura plantas estrangeiras e brasileiras, espécies já comerciais com outras pouco conhecidas ou até não identificadas. Um nome que chama a atenção é o da Jatropha gossypiifolia, uma planta tóxica usada para produção de biodiesel, sem aplicação médica conhecida. "É muito importante que tenhamos uma lista. Mas é preciso ter critérios."
As críticas foram rebatidas pelo Ministério da Saúde, que ressalta que houve ampla discussão com a sociedade, incluindo universidades e secretarias de Saúde.

Renata Gonçalez

Assessoria de Comunicação CRF-SP

 

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