Consumo aumentou na pandemia, mas o SUS pode auxiliar fumante a abandonar o vício com orientação e apoio farmacêutico


Consumo aumentou na pandemia, mas o SUS pode auxiliar fumante a abandonar o vício com orientação e apoio farmacêuticoConsumo aumentou na pandemia, mas o SUS pode auxiliar fumante a abandonar o vício com orientação e apoio farmacêuticoSão Paulo, 31 de maio de 2021.

O dia 31 de maio foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1987, para celebrar o “Dia Mundial sem Tabaco”, uma data especial para alertar sobre os riscos à saúde associados ao hábito de fumar e sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Apesar disso, muito pouco se tem a comemorar, especialmente neste período de pandemia.

Segundo pesquisa da Fiocruz, realizada no ano passado, 34% dos fumantes brasileiros declararam ter aumentado o número de cigarros fumados durante a pandemia. Este crescimento, ainda de acordo com o estudo, está associado à deterioração da saúde mental dos tabagistas, com piora de quadros de depressão, ansiedade e insônia. O aumento no consumo foi ainda maior entre aqueles que também afirmaram ter piora no sono (45,5%) e agravamento de sentimentos de solidão (39,6%), tristeza (46,3%) e nervosismo (43,3%). O estudo detectou também que o aumento foi maior entre pessoas de menor escolaridade (45,1%) e entre mulheres (38,1%).

Segundo a Dra. Maíra Rebouças Valença dos Santos, farmacêutica, diretora técnica de saúde do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas da secretaria estadual de saúde(CRATOD), esse é um cenário muito preocupante, uma vez que as condições associadas à pandemia, como o estresse, diminuição do exercício físico e ansiedade, podem elevar os fatores de risco, promover o aumento do número de casos de doenças crônicas, cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias e se tornar um problema de saúde coletivo ainda mais grave, inclusive elevando os custos e sobrecarregando o sistema de saúde. “Esse aumento de consumo tem estreita relação com a queda na qualidade de vida do fumante e do fumante passivo e gera preocupação quanto às doenças relacionadas, reduzindo a expectativa de vida dessa população”.

Antes da pandemia, o tabagismo era responsável por 428 mortes por dia no Brasil e custava cerca de 57 bilhões de reais aos cofres públicos todos os anos com despesas médicas e perda de produtividade. A arrecadação de impostos sobre a venda de cigarros não cobria um quarto dos valores gastos no SUS com as doenças relacionadas ao tabaco. Se a tendência atual continuar, em 2030 o tabaco matará cerca de 8 milhões de pessoas no mundo por ano, sendo que 80% dessas mortes ocorrerão nos países da baixa e média renda.

Dra. Maíra Rebouças Valença dos Santos, farmacêutica diretora técnica de saúde atende paciente na sede do CRATODDra. Maíra Rebouças Valença dos Santos, farmacêutica diretora técnica de saúde atende paciente na sede do CRATODExiste tratamento gratuito no SUS

O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Parar de fumar se torna, nesse contexto, uma meta que muitos tentaram, não conseguiram ou estão à mercê de recaídas que podem levar todo o esforço por água abaixo. Mas essa luta tem um importante aliado.

O SUS oferece gratuitamente tratamento e uma ajuda preciosa ao fumante em todo o seu processo para abandonar o vício, incentivando mudanças de hábito, propondo um estilo de vida mais saudável, garantindo orientações de profissionais de saúde especializados e tratamento medicamentoso.

“A decisão de parar de fumar é um importante passo rumo ao objetivo do usuário e, como profissionais da saúde, sabemos que o tratamento apresenta excelentes resultados, principalmente com o suporte medicamentoso associado à terapia cognitivo-comportamental”, afirmou a Dra. Maíra, que é farmacêutica especialista em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Assistência Farmacêutica

O farmacêutico possui um papel essencial no tratamento, que vai desde a programação de medicamentos, até o cuidado farmacêutico na unidade de saúde. O profissional participa de grupos multidisciplinares de tabagismo, realiza avaliação do teste de nicotina, coleta informações e oferece orientações quanto ao uso dos produtos prescritos no tratamento e sua correlação com outras substâncias, proporcionando o uso racional de medicamentos.

A Dra. Maíra afirma ser necessário entender o cotidiano do paciente e elaborar estratégias para substituição do ato de fumar como forma de enfrentar a crise de abstinência. “É importante entender que o tabagismo é uma dependência química, que o paciente pode apresentar lapsos, recaídas e a assistência farmacêutica tem um papel essencial em zelar pela disponibilidade e qualidade dos insumos, bem como o cuidado farmacêutico”, completou.

Sucesso no tratamento

Houve um tempo em que o tabagismo foi mais tolerado na sociedade, não havia tanta preocupação com os primeiros contatos com a substância e até crianças tinham acesso e consumiam cigarros. Foi o que aconteceu com a dona Ana Maria Rodrigues (66), que começou com nove anos de idade e passou praticamente a vida toda consumindo cigarros. Tentou parar diversas vezes, mas não conseguia se livrar do vício.

Até que um dia, andando pelo centro de São Paulo, consumindo mais um de seus cigarros, foi abordada por profissionais de saúde que estavam divulgando o tratamento anti-tabagista oferecido pelo SUS. Foi o início de sua libertação. “Sem esse apoio, não conseguiria. Fui muito bem orientada, frequentei reuniões e até hoje, três anos depois de parar de fumar, tenho acompanhamento do programa, porque ainda carrego problemas pulmonares”, afirmou.

Dona Albina Da-hora Rodrigues (77) também fumou por quase toda vida e conseguiu largar o cigarro há três anos. Conta que encontrou a indicação do programa anti-tabagista na igreja e que se não tivesse esse apoio, não conseguiria sucesso. “Tentei parar muitas vezes e consegui desta vez porque o tratamento é muito bom. Temos reuniões toda semana e os colegas de tratamento também ajudam uns aos outros”, comentou.Dra. Juliana Marcela Oliveira Rosa, farmacêutica do programa no município de Narandiba, brinda a conquista junto a seus pacientesDra. Juliana Marcela Oliveira Rosa, farmacêutica do programa no município de Narandiba, brinda a conquista junto a seus pacientes

No interior

Na cidade de Narandiba, na região de Presidente Prudente, a Dra. Juliana Marcela Oliveira Rosa conta sua experiência bem-sucedida no pequeno município de aproximadamente cinco mil habitantes. A farmacêutica iniciou o programa anti-tabagista no ano passado trabalhando com uma rede de apoio que oferece tratamento medicamentoso, orientação farmacêutica e reuniões presenciais e on-line a cada 15 dias. Nesse período, trabalhou com três grupos e 19 pacientes conseguiram parar de fumar.

Dra. Juliana não esconde a satisfação em contribuir com a saúde de seus pacientes. “Não importa quantas pessoas começam no grupo, se uma conseguir parar de fumar, já valeu a pena o trabalho. Vivo junto com eles esse momento e comemoro a vitória de cada um, porque sei que não é fácil. No último encontro a gente brinda essa conquista. Esse mês, um paciente que não precisou de medicação conseguiu parar de fumar só de participar das reuniões, ouvir os áudios e interagir com os outros”, comemorou.


Carlos Nascimento
Departamento do Comunicação CRF-SP

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