Evento do Comitê Jovem destaca experiências internacionais de farmacêuticos e acadêmicos

 

Auditório da Universidade São Judas durante o 6º Encontro de Jovens FarmacêuticosAuditório da Universidade São Judas durante o 6º Encontro de Jovens Farmacêuticos

São Paulo, 26 de novembro de 2019.

O CRF-SP promoveu no último sábado (23), na Universidade São Judas Tadeu, na capital, o 6º Encontro de Jovens Farmacêuticos. O evento é uma realização do Comitê Jovem e, nesta edição, abordou o tema Internacionalização: um mundo de oportunidades. Para tanto, foram convidados farmacêuticos e acadêmicos com diferentes tipos de vivência internacional para compartilhá-la com os participantes.

Dra. Luciana Canetto Fernandes (secretária-geral do CRF-SP); Dr. Thomas Waeny (coordenador do Comitê Jovem do CRF-SP) e Profa. Valquiria Lozano (Universidade São Judas)Dra. Luciana Canetto Fernandes (secretária-geral do CRF-SP); Dr. Thomas Waeny (coordenador do Comitê Jovem do CRF-SP) e Profa. Valquiria Lozano (Universidade São Judas)

Na abertura do evento, a secretária-geral do CRF-SP, Dra. Luciana Canetto, afirmou que para a diretoria é um orgulho poder contar com o trabalho do Comitê Jovem. “A energia que vocês trazem neste início de carreira representa o futuro da profissão e a esperança de dias melhores para todos nós. Hoje, mais uma vez, estudantes de Farmácia e os recém-formados estão juntos nessa rede de cooperação capaz de ajudar uns aos outros, encontrar os caminhos da profissão, além de ouvir experiências internacionais tanto presenciais como por meio de vídeos. Contem conosco e com nosso incentivo, sempre”.

O coordenador do Comitê Jovem, Dr. Thomas Waeny, utilizou uma frase muito compartilhada em redes sociais para ressaltar a importância do tema: ‘uma mente que se expande jamais volta ao seu tamanho original’. “Quando você vai para fora, encontra três principais aspectos que vão auxiliar o seu país e a sua profissão. O primeiro envolve a cultura em si e as diferentes relações interpessoais que encontrará pelo caminho; o segundo é a legislação vigente pois, às vezes, o que é proibido em seu país, lá é permitido, e vice-versa; por último tem a questão da ciência, já que ao sair do país você pode ter contato com novas tecnologias. É sobre o quanto o farmacêutico que volta com essa bagagem repleta de cultura e informações pode ajudar muito na profissão que vamos debater hoje neste evento”.

Costa Rica

Gabrielle Gimenes e Matheus Lopes, acadêmicos de Farmácia da Universidade Mogi das CruzesGabrielle Gimenes e Matheus Lopes, acadêmicos de Farmácia da Universidade Mogi das Cruzes

A primeira experiência foi apresentada pelos acadêmicos do curso de Farmácia da Universidade Mogi das Cruzes (UMC) Gabrielle Gimenes e Matheus Lopes, que participaram do Congresso Pan American Regional Symposium - PARS 2019, realizado em julho passado em São José, capital da Costa Rica, onde representaram a Federação Brasileira de Acadêmicos de Farmácia (Febraf).

O PARS é um congresso anual organizado pela International Pharmaceutical Students Federation (IPSF) para estudantes e recém-formados do curso de Farmácia, e abrange todo o continente americano oferecendo palestras, simulações de consultas farmacêuticas, workshops, apresentação de pôsteres e proporcionando a experiência de conhecer novas pessoas (networking), culturas e lugares.

Matheus e Giselle explicaram que o objetivo de unir a Febraf com a IPSF foi de promover a melhoria da saúde pública por meio da educação. “Fomos ao Congresso na Costa Rica para representar nossa associação e o Brasil, e graças à nossa participação, tivemos oficialmente a nossa ingressão à IPSF aprovada, e agora somos membros oficiais”, contou o acadêmico.

Porto Rico

Em seguida foi a apresentação da Dra. Adriana Malgueiro, farmacêutica que atua como representante de qualidade no laboratório Eli Lilly. Há dois anos, ela foi transferida temporariamente para a planta da empresa em Porto Rico, onde desenvolveu trabalho ligado a controle de qualidade, juntamente com profissionais com elevado grau de formação, muitos dos quais com graduações em engenharia e química, com PhD em Farmácia. Dra. Adriana conta que os desafios foram muitos, sendo um dos principais a passagem de um forte furacão que assolou o local, o que a fez inclusive se envolver com trabalho voluntário.

“Sinto que voltei uma pessoa completamente diferente daquele que embarcou para Porto Rico. Além de todo o conhecimento adquirido, a ajuda ao próximo e as amizades que fiz me fizeram ter uma vontade enorme de contribuir para mudanças que têm de ser feitas em nosso país, e unir o melhor do local onde trabalhei lá fora com o melhor do Brasil”, afirmou a pesquisadora.

Dra. Adriana Malgueiro (Porto Rico), Dra. Cláudia Bitencourt (Canadá e França); e Dr. Vinícius de Moura Silva (Itália)Dra. Adriana Malgueiro (Porto Rico), Dra. Cláudia Bitencourt (Canadá e França); e Dr. Vinícius de Moura Silva (Itália)

Itália

Na sequência foi a vez do Dr. Vinícius de Moura Silva, hoje coordenador de compliance na Libbs Farmacêutica, relatar como foi cursar parte da graduação na Itália, onde residiu durante um período com sua família, da adolescência até o início do curso de Farmácia. A transferência para o Brasil ocorreu quando ele avaliou os prós e os contras do sistema educacional dos dois países, o que o fez optar por voltar ao seu país de origem e iniciar novamente a graduação no Centro Universitário São Camilo, na capital.

Entre as vantagens que destaca está o fato de o ensino no Brasil ter um aspecto muito mais prático do que na Itália, o que o permitiu entrar no mercado de trabalho durante o curso como estagiário: “Aqui no Brasil colocamos muito mais a ‘mão na massa’, ou seja, somos incentivados a aplicar o conhecimento no dia a dia desde o início da graduação. Temos por natureza a vantagem de sermos mais flexíveis, o que nos favorece muito. Sem dúvida, estudar fora do país nos dá a oportunidade de nos melhorar, além de contribuir para melhorar o nosso país também”.

Canadá e França

O evento também contou com a apresentação da Dra. Claudia da Silva Bitencourt, farmacêutica hoje docente do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (Unifae), de São João da Boa Vista, e da Faculdade Pitágoras, de Poços de Caldas (MG). A profissional realizou estágio no período de pós-doutorado na Universidade de Montreal (Canadá) e no CNRS (Orleans-França).

Ela compartilhou com o público o aprendizado obtido neste período, mas também as dificuldades para se manter em países com cultura e clima tão diferentes do Brasil, e até os perrengues para se manter com o valor limitado da bolsa que recebia: “A experiência de viver fora do Brasil muda nossa perspectiva e o ponto de vista que temos sobre várias coisas, inclusive de nós mesmos”.

Brasil/América Latina

Anderson Arruda (Nestlé); Dra. Carolina Arruda (farmacêutica da Nestlé); e Dr. Marcello Rosa de ResendeAnderson Arruda (Nestlé); Dra. Carolina Arruda (farmacêutica da Nestlé); e Dr. Marcello Rosa de Resende

A possibilidade de viver uma carreira internacional sem deixar o Brasil também foi apresentada com a experiência da Dra. Carolina Carrera, farmacêutica da Nestlé responsável pelo setor de assuntos regulatórios na área de nutrição enteral em toda a América Latina, reportando-se a todos os países do continente, demandando não somente domínio dos idiomas inglês e espanhol, mas também de toda legislação desses locais.

“A indústria tem ampla área de atuação para farmacêuticos. Entrei como estagiária e fui desenvolvendo competências. O domínio da área veio com treino e atitude, passei a me interessar pela legislação internacional e vislumbrei a oportunidade de fazer carreira internacional sem ter de me transferir para outro país”, declarou.

A apresentação da farmacêutica foi precedida pela palestra do especialista em gestão de carreira também da Nestlé, Anderson Arruda. Segundo ele, se já é um grande desafio competir com outros profissionais no Brasil, imagine globalmente: “Um colaborador desejado e reconhecido deve demonstrar eficiência e saber gerenciar os próprios interesses. A primeira coisa é se certificar de que está num ambiente que lhe é favorável e se a empresa possui valores com os quais compactua. Importante sempre refletir sobre onde se quer chegar, e se o local de trabalho faz parte desse caminho”.

Depoimentos em vídeo

Dr. Lucas Ercolin (Iraque); Dra. Raquel Cardoso (Alemanha); Dra. Kaylani Angerami (Austrália)Dr. Lucas Ercolin (Iraque); Dra. Raquel Cardoso (Alemanha); Dra. Kaylani Angerami (Austrália)

Além das palestras presenciais, o Encontro de Jovens Farmacêuticos contou com três depoimentos em vídeos de farmacêuticos que se encontram fora do Brasil, e que gravaram relatos sobre suas experiências.

O primeiro teve a participação do Dr. Lucas Ercolin, que atua em farmácia humanitária pela Première Urgence Internationale no Iraque, onde tem como responsabilidades realizar tarefas de apoio técnico, cadeia logística em saúde, gerenciamento de estoque, licitação em Saúde (determinação de necessidades, desenvolvimento e seleção de distribuidoras), preparação de kits de primeiros socorros e profilaxia pós exposição (PEP), e relações com Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Outro vídeo foi enviado pela Dra. Raquel Carvalho, farmacêutica que trabalha na área de validação de sistema e processos e garantia de qualidade na Alemanha, e que mantém um canal no Youtube chamado Backpackingalone e um blog Euro Dicas, sobre a vida naquele país e dicas de intercâmbio e turismo.

Em seu depoimento, ela aconselha aos que querem seguir os mesmos passos que somente viajem já com muita experiência profissional na área pretendida, nível avançado em inglês e, caso haja interesse em atuar na área clínica, conhecimento em alemão, o que é obrigatório neste caso. “Recomendo também já vir com a permissão de trabalho. A Alemanha tem grande demanda por farmacêuticos, mas são muitas as exigências e o processo costuma ser bem intenso”.

O terceiro foi da Dra. Kaylani Angerami, farmacêutica pesquisadora que atua em universidade em Brisbane, na Austrália. Inicialmente, ela realizou intercâmbio estudantil por meio do programa Ciências Sem Fronteiras, na Queensland University of Technology. Em 2018, ela embarcou de novo para a Austrália para atuar como assistente de pesquisa do Doherty Institute, na University of Melbourne.

O evento também teve a participação do Dr. Marcello Rosa de Resende, que falou sobre validação de diplomas de farmacêutico em países como Canadá, Espanha e Estados Unidos, e os trâmites para estrangeiros que desejam validar diploma no Brasil.

 

Renata Gonçalez

Departamento de Comunicação CRF-SP

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