PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 131 - AGO - SET/2017

 

COMISSÃO ASSESSORAS / DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE

Imprescindível inclusive no atendimento móvel

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO FAZ A DIFERENÇA EM EMPRESAS DE REMOÇÕES EM AMBULÂNCIA

 

São quase 24 milhões de brasileiros com mais de 61 anos e a expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que, até 2055, o número de idosos supere o de brasileiros com até 29 anos. À medida que a população envelhece, cresce a incidência de doenças crônicas e incapacitantes e, com isso, abre-se oportunidade para um mercado em franca expansão, tendo em vista que mais de um milhão de pessoas no Brasil recebem atenção domiciliar, seja atendimento (cuidado ambulatorial residencial) ou internação (hospitalização em casa), segundo o censo do Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar. 

Os números indicam a importância dos serviços móveis de remoção, mas o que pouca gente sabe é que, antes mesmo das sirenes das ambulâncias serem ligadas para a realização dos atendimentos, muito trabalho já foi realizado. Entre os profissionais que compõem a estrutura das equipes de atendimento de emergência está o farmacêutico, responsável técnico pela farmácia, assegurando as boas práticas de armazenamento e dispensação e abastecendo as mochilas de medicamentos que seguem para trânsito nas unidades móveis.

Dr. Fabio Villa, membro da Comissão Assessora de Distribuição e Transporte do CRF-SP e farmacêutico há cerca de 12 anos, atua há três na área de remoções em ambulâncias e é responsável técnico em duas empresas na área. Ele chama a atenção para um problema no município e destaca “de acordo com a associação que representa os serviços de ambulâncias, no início de 2017, das 85 empresas que atuavam em São Paulo, menos de 20% estavam dentro da lei. Ele estima que com o aumento da fiscalização e a regularização destas empresas clandestinas, surgirão vagas para o farmacêutico que se identificar com esta área de atuação.”

Semelhante à rotina de um farmacêutico que atua em um centro de distribuição de medicamentos, o dia a dia do profissional responsável pela farmácia de uma empresa de remoções em ambulância tem algumas particularidades por se tratar de uma unidade hospitalar. Dr. Fabio ressalta que o farmacêutico deve garantir segurança na dispensação e preservação dos medicamentos, contribuir de forma proativa na constante busca por ferramentas e inovações pertinentes à área, tendo como objetivo oferecer uma terapêutica segura, eficaz e de qualidade aos pacientes. “O farmacêutico tem a responsabilidade de manter a comunicabilidade com a equipe multidisciplinar, trocando conhecimento e tomando decisões”.

Ele indica algumas atividades que são desempenhadas pelos farmacêuticos que atuam em empresas de serviço móvel de atendimento: 

  • Elaboração e revisão dos POPs e do Manual de Boas Práticas Farmacêuticas; solicitação e atualização de documentos regulatórios;
  • Qualificação de fornecedores; controle de estoque e compra de medicamentos em geral;
  • Controle de temperatura e umidade; controle de limpeza diária dos estoques;
  • “Recall”- verificação diária de interdições no DOU e no site da Anvisa; controle de validade e gerenciamento de resíduos do Grupo B;
  • Registro, em livro, da entrada e saída de psicotrópicos; contagem do estoque de psicotrópicos; 
  • Abastecimento das mochilas de medicamentos; suporte, via telefone, a possíveis dúvidas sobre medicamentos, da equipe multidisciplinar em campo;
  • Treinamento dos colaboradores; checklist regulatório da empresa e das ambulâncias; aplicação de ações preventivas e corretivas para não conformidades.

 

Abastecimento e trânsito de medicamentos em UTI móvel

Dr. Fabio Villa destaca que as mochilas de medicamentos seguem para trânsito somente nos veículos de suporte avançado (classe D) – UTI Móvel – e devem, obrigatoriamente, conter os medicamentos constantes na lista da Portaria GM/MS 2048/02. Como esta lista é relativamente antiga, geralmente as empresas padronizam uma outra, junto à equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros e farmacêuticos), a fim de selecionar os medicamentos que contemplam as necessidades terapêuticas dos pacientes a serem atendidos.

“Como o farmacêutico não segue nas ambulâncias durante as ocorrências, quando houver a prescrição de medicamentos pelo médico, o enfermeiro rompe o lacre azul numerado da mochila, na presença deste, e ambos se responsabilizam pelo que foi utilizado. Após, procedem lacrando a mochila com o lacre amarelo numerado, que permanecerá até o próximo atendimento ou reabastecimento pelo farmacêutico, evitando-se fraudes. Todo medicamento utilizado deve constar no prontuário de atendimento do paciente e ser entregue para o farmacêutico, para que este proceda com o reabastecimento da mochila. No caso da utilização de medicamento sujeito a controle especial, a mochila deverá vir acompanhada da prescrição médica, carimbada, assinada e datada, utilizando-se o receituário padrão da empresa”, diz o Dr. Fabio.

Por Renata Gonçalez

 

 Intervenções farmacêuticas no dia a dia de Dr. Fabio Villa

Caso 1

Após a verificação diária de interdições no DOU, identifiquei imediatamente no estoque e em trânsito nas mochilas o lote de um medicamento injetável, controlado, que acabara de ser interditado e oferecia risco à saúde do paciente. Por haver rastreabilidade da medicação, localizei prontamente as mochilas que os continham e procedi imediatamente com o seu recolhimento.

Caso 2

A equipe de Enfermagem indagou sobre a informação contida na etiqueta do medicamento Hemitartarato de Norepinefrina (Noradrenalina), em que consta que equivale a 1 mg/ml. A dúvida era se medicamento tinha 4 ou 8 mg de substância ativa por ampola. Para evitar erros criei um alerta em que ficou mais legível que CADA 2MG/ML DE HEMITARTARATO EQUIVALE A 1MG/ML DE NOREPINEFRINA BASE = 4MG DE NOREPINEFRINA POR AMPOLA. Esta intervenção garantiu maior segurança e preveniu erro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     

     

    farmacêutico especialista
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