PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 131 - AGO - SET/2017

 

COMISSÕES ASSESSORAS / ANÁLISES CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS

Farmacêutico nos serviços de diálise

Dra. Luciana Aparecida da Silva destaca a necessidade da atuação do farmacêutico na equipe multidisciplinar

Lenta e silenciosa, a doença renal crônica pode provocar a perda das funções reguladora, excretora e endócrina dos rins. E, quando acontece a perda total da função renal, são adotadas as Terapias Renais Substitutivas (TRS), como é o caso da hemodiálise. O tratamento interfere diretamente no hábito de vida dos pacientes, mas se torna indispensável à manutenção da vida. 

Geralmente realizada de três a cinco vezes por semana, com sessões que podem durar até cinco horas, a hemodiálise é monótona, dolorosa e sem perspectiva, a não ser que o paciente realize um transplante renal, que depende de doador e de suas condições clínicas. Atualmente, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 120 mil pacientes fazem hemodiálise, número que seria muito maior se não ocorressem mortes por falta de vagas para o tratamento em hospitais e clínicas públicas. 

Integrante da equipe multidisciplinar na hemodiálise, o farmacêutico é fundamental para proporcionar melhoria na qualidade de vida do paciente, contribuindo para minimizar as reações adversas, evitar interações medicamentosas e incentivar na adesão ao tratamento. O farmacêutico que atua no serviço de diálise tem as atribuições definidas na Resolução nº 500/09, do Conselho Federal de Farmácia. O profissional também é o responsável técnico pela fabricação de Concentrado Polieletrolítico para Hemodiálise – CPHD, conforme a RDC nº 8/01 da Anvisa.

Convidada a assumir a Responsabilidade Técnica de um serviço de TRS, a Dra. Luciana Aparecida da Silva, membro da Comissão Assessora de Análises Clínicas e Toxicológicas, durante a fase de implantação do serviço, auxiliou na preparação documental para abertura perante os órgãos responsáveis (CNES/SES/Covisa) e realizou o planejamento de compras de medicamentos e insumos. “O farmacêutico pode ser parte da equipe multidisciplinar atuando ativamente em todos os serviços de diálise, visto que há manipulação de produtos farmacêuticos em 100% dos procedimentos realizados (medicamentos, materiais, psicotrópicos, produtos químicos) e coleta de exames bioquímicos em todas as unidades, conforme exigência da Portaria que rege as TRS”. 

Como farmacêutica, Dra. Luciana destaca as suas atribuições na clínica:

  • Participação em reuniões multidisciplinares para discussão de assuntos administrativos e clínicos referentes aos pacientes e/ou rotina de trabalho;
  • Controle de estoque e compra de medicamentos;
  • Farmacovigilância – revisão semanal do site da Anvisa e divulgação de boletins negativos e ou de alertas, se ocorrerem;
  • Controle de planilhas de temperaturas de salas e geladeiras de medicamentos;
  • Diluição de alguns produtos químicos;
  • Controle de validade de todos os produtos e medicamentos;
  • Elaboração, revisão e aplicação de POPs;
  • Membro do PCPIEA (Plano de Controle de Prevenção e Infecções e Eventos Adversos);
  • Membro do Núcleo de Segurança do Paciente;
  • Responsável pelos LMEs (Laudo de Medicamentos Específicos do SUS) - documentação fornecida aos pacientes para retirada de medicamentos de alto custo no governo;
  • Assistência farmacêutica;
  • Busca e digitação de exames de rotina;
  • Revisão de carro de parada.

 

 Elo com os pacientes

 Além de ficar de prontidão para reposição de emergência de algum medicamento quando é o caso, Dra. Luciana destaca que a convivência diária com pacientes com doença crônica, inevitavelmente, cria laços e vínculos emocionais, dentro dos limites da ética profissional. “Assim, nos sentimos felizes quando são submetidos ao transplante ou têm recuperação da função renal e, tristes quando não estão bem. São pessoas do nosso convívio”.

 

Reconhecimento profissional

“O farmacêutico tem o cuidado no preparo, administração, armazenamento, dispensação, controle, revisão da data de validade, avaliação de resultados de exames laboratoriais, quando muitas vezes nos chamam a atenção quanto aos níveis de potássio, por exemplo”, destaca a diretora da Sociedade Brasileira de Nefrologia, gestora da Nefrologia e chefe da Diálise do Hospital do Coração (Hcor), a médica Dra. Leda Letaif. 

Outro exemplo citado pela médica refere-se à checagem das prescrições pelo farmacêutico, tendo em vista que em um hospital com muitos leitos o paciente passa por avaliação de diversos especialistas como nefrologistas, cardiologistas e pneumologistas. “Um paciente internado com doença renal aguda ou crônica agudizada pode ter processos infecciosos, o que necessita de ajuste de dose de antibióticos como no caso da vancomicina. ” Dra. Leda enfatiza a criação de protocolos no Hcor por médicos e farmacêuticos da UTI para ajuste de dose de vancomicina para pacientes dialíticos e  não dialíticos. “O farmacêutico analisa o resultado da vancocinemia, o horário da coleta e contribui muito”. 

Por Thais Noronha

 

 
 
 

     

     

    farmacêutico especialista
    Emolientes (amolecedores das fezes): docusato (dioctilsulfossuccinato) de sódio, glicerina e petrolato (parafina) líquida.

     

     

     

     

     

     

     

     

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