Farmacêuticos discutem a postura ética frente à farmácia estabelecimento de saúde
São Paulo, 24 de abril de 2015.
A aprovação da lei 13.021/14, que reconheceu definitivamente a farmácia como estabelecimento de saúde, trouxe novas atribuições, autonomia técnica e responsabilidades ao farmacêutico, em especial relacionadas aos cuidados com o paciente. Para abordar os aspectos éticos, que permeiam essas questões, o CRF-SP realizará o Seminário de Ética deste ano com o tema – “Cuidado ao paciente: autonomia, direito, responsabilidade e ética”.
Aberto a todos os farmacêuticos, o Seminário, em 30/05, na capital, reunirá autoridades e especialistas em ética para debater, por meio de painéis, além do que muda em relação às implicações éticas da lei 13.021/14, aspectos como autonomia profissional e bioética no cuidado ao paciente. O evento contará com a participação de farmacêuticos das áreas de Análises Clínicas, Farmácia, Farmácia Hospitalar e Saúde Pública.
O mediador dos painéis, dr. Paulo Lorandi, farmacêutico e professor titular da Universidade Católica de Santos, destaca a questão da autonomia técnica na nova lei. “O artigo 11 da lei 13.021/14, ao mesmo tempo que define o âmbito de ação do proprietário, aumenta a responsabilidade profissional, uma vez que o farmacêutico não poderá alegar que o proprietário exigiu uma prática contrária aos parâmetros de qualidade”.
Ética e autonomia profissional
Para falar sobre o tema, o CRF-SP convidou o Prof. Dr. Clóvis de Barros Filho. Doutor em Direito pela Sorbonne, de Paris, e em Comunicação pela USP – Universidade de São Paulo, onde é professor livre-docente, Clóvis foi considerado pela revista Exame um dos melhores palestrantes do Brasil e o melhor palestrante das Américas sobre o tema Ética.
Autor de vários livros, como “Ética na Comunicação” e o best seller “A vida que vale a pena ser vivida”, o professor dará a palestra “Ética e autonomia profissional”, durante o Seminário.
Confira a entrevista do professor Clóvis e uma prévia de como será a palestra no dia 30/05.
CRF-SP: Quais os principais pontos que serão abordados na sua palestra?
Clóvis.: A concepção tradicional de Ética está relacionada com a autonomia diz que ela se situa na capacidade do ser humano agir ou não agir, expressa pela própria vontade racional. Segundo Aristóteles, as escolhas não podem ser constrangidas ou impedidas para serem consideradas livres. Apesar de parecer moralizante, todo tipo de regulamentação ou coação que restringe as capacidades de escolha de um profissional tira deste o potencial ético do sujeito. Ética pressupõe autonomia, liberdade deliberativa.
CRF-SP: Como você define a ética nas relações de trabalho?
Clóvis.: Toda ética se dá em uma relação. A ética pressupõe um outro. As relações de trabalho são um bom exemplo do exercício moral de uma pessoa, pois ela é obrigada a mostrar seu caráter para pessoas com quem não escolheu conviver. Viver com quem se escolhe, com quem compartilha seus gostos e valores é fácil. Ter de administrar uma variedade de pessoas com culturas diferentes, com interesses outros, mostra tolerância e maturidade moral.
CRF-SP: Em um ambiente corporativo, como lidar quando se depara com situações que infringem a ética?
Clóvis.: Em um ambiente corporativo pouco se pode fazer. Ao se deparar com uma situação desta natureza você deve se reportar ao seu superior imediato. Caso o seu superior esteja envolvido, ou não confie nele, se reporte ao Recursos Humanos da instituição. Se você escolher a omissão por medo, amizade ou outro afeto, saiba que se tornará cumplice das irregularidades, ou seja, colaborador do desvio ético cometido por outras pessoas.
Inscrições: (11) 3067 1462/1468 ou clique aqui
Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP
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